Este poema de Vinicius de Moraes (1913-1980)
é parte do livroPoemas, Sonetos e Baladas,
publicado originalmente pela Editora Gaveta,
em 1946,
e do
qual faz parte o conhecidíssimo “Soneto de Fidelidade”
(“De
tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto/
Que mesmo em face do maior encanto/
Dele se encante mais meu pensamento (…)”).
Soneto de Carnaval
Distante
o meu amor, se me afigura
O amor
como um patético tormento
Pensar
nele é morrer de desventura
Não
pensar é matar meu pensamento.
.
Seu mais
doce desejo se amargura
Todo o
instante perdido é um sofrimento
Cada
beijo lembrado uma tortura
Um ciúme
do próprio ciumento.
.
E vivemos
partindo, ela de mim
E eu
dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a
grande partida que há no fim
.
De toda a
vida e todo o amor humanos:
Mas
tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um
fica o outro parte a redimi-lo
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