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17 de mar. de 2010

E por falar em poesia


A morte bate à porta

A morte chegou à cidade,
E na cidade tinha uma rua
E na rua tinha uma casa
E na casa tinha um quarto
E no quarto tinha um armário
E no armário tinha uma gaveta
E na gaveta tinha uma caixa
E na caixa tinha uma bolsa
E na bolsa tinha um retrato
E no retrato, Você:


Que iluminava o retrato,
Que iluminava a bolsa,
Que iluminava a caixa,
Que iluminava a gaveta,
Que iluminava o armário,
Que iluminava o quarto,
Que iluminava a casa,
Que iluminava a rua.

E com tamanha claridade
A morte fugiu da cidade.

O melhor da poesia de Sérgio Capparelli
111 poemas para crianças
L&PM
(Poesia sugerida pelo aluno: Igor Santos Silva - 5ª Série C)
Crítica

..."Depois da leitura deste poema percebemos que ser poeta é tarefa, de fato, para poucos. Porque não se pode confundir poema com desabafo, com confidências, embora tudo isso habite a essência da poesia. O poema precisa de um conteúdo que nos arrebate, que nos tire o chão; mas precisa vir acompanhado de uma forma bem elaborada. O poema “A morte bate à porta” trabalha com figuras de linguagem e imagens que vão construindo e desconstruindo a presença da morte. Ela chega, mas não fica. Em parte porque o “retrato” ilumina, em parte porque a poesia a espanta. Agora, precisamos apenas do silêncio, e nada mais." - Adriana Bittencourt Guedes /Professora/coordenadora do Colégio Miraflores/Doutora em Literatura

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