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16 de mai. de 2010

Ficção científica?


O Caça Fantasma


A negra silhueta do majestoso edifício da Universidade mal podia ser vista através da neblina implacável que castigava aquela sombria e fria noite de inverno. A única luz no edifício da Faculdade de Engenharia era de uma pequena janela do terceiro andar. A luz vinha do Laboratório de Pneumática e o único ocupante vivo do edifício trabalhava lá dentro. O professor Phillip trabalhava sempre até mais tarde e sempre era o último a ir para casa.. quando ia.
Phillip estava absorto em seu novo trabalho: projetar novas válvulas de retenção. O pequeno laboratório era quase que um corredor. Havia uma porta numa ponta e uma pequena janela na outra. Mas o ambiente "claustofóbico" não incomodava o professor, já que ele não conseguia pensar em outra coisa a não ser seu trabalho. Isso sempre fora uma constante... pelo menos até agora.
Phillip estava empolgado com o novo compressor de ar comprimido que recebera naquela semana. Não sentia saudade do grande e velho que deu lugar à esse pequeno e moderno. Já era alta madrugada quando, usando o novo compressor, começou a sentir uma pequena tontura, seguida de um sentimento de vertigem. Parou o que estava fazendo e respirou fundo. Sentiu um calafrio subindo a espinha. Suando frio, olhou de soslaio e notou uma grande sombra no canto da sala. Nesse momento, alguns dos seus delicados instrumentos que estavam na bancada começaram a vibrar. Uma onda de pânico tomou conta do professor que sem respirar, fechou os olhos com força na esperança de que aquele vulto sumisse. É lógico que como cientista, Phillip nunca havia acreditado nas histórias de fantasma da Centenária Universidade, mas que havia uma sombra cinzenta no canto da sala havia!
Phillip abriu os olhos e a sombra havia ido embora. Não querendo saber se ela voltaria logo, desligou o equipamento, pegou seu casaco e foi para casa.
Na noite seguinte, depois de um exaustivo dia letivo, Phillip foi para o pequeno laboratório dar continuidade ao projeto. Mas por mais que ele tentasse, o evento da noite passada o perseguia. Entrou muito cauteloso na sala. Todos já haviam ido embora e ele era a única pessoa no edifício. Phillip, como cientista, censurou-se duramente por estar sentido medo de uma coisa que ele tinha certeza de que não existia... mas a angústia não o abandonava. Começou a trabalhar na bancada. Tudo estava muito quieto. Horas se passaram e nada de estranho havia acontecido. Phillip mais aliviado, resolveu ligar o compressor para continuar com os teste. Alguns segundos depois, os mesmos instrumentos começaram a vibrar e a tontura começava a aparecer. Instintivamente, Phillip desligou o aparelho e quase que imediatamente, os instrumentos pararam de vibrar.
Seu cérebro de cientista começava a trabalhar. Ligou novamente o compressor e alguns segundos depois, os mesmo instrumentos vibraram... bingo! Ele descobrira o fantasma!
No outro dia, o professor Phillip não foi ao laboratório. Preferiu sair com os amigos para uma cerveja e contar como ele havia se transformado no mais novo "assombrado" da Universidade._Vejam bem senhores. É simples! Minha sala é bem mais longa que larga. Se assemelha com um corredor. Todos os senhores conhecem uma coisa chamada "freqüência de ressonância". Quando o novo compressor foi instalado numa extremidade da sala, suas ondas mecânicas , ou seja, seu som possuía um "comprimento de onda" do mesmo tamanho da sala. Com não havia para onde ondas escoarem, elas refletiam na parede e voltavam na mesma freqüência. Isso faz com que elas se multipliquem e ocorra o chamado "infra-som" que são sons tão graves que não podem ser percebidos pelos ouvido humanos. A sala ficou cheia de energia sonora amplificada. Como todo objeto possui uma freqüência de ressonância própria, eu resolvi medir a dos meus instrumentos e verifiquei que era a mesma do compressor. Quando um corpo recebe as ondas sonoras de outro lugar com a mesma freqüência, ele vibra! Simples!_Putz! Mas Phillip, como isso explica as tonturas, o suor e o calafrio? - perguntou uma amigo_Tudo é explicado pela física também! Ondas sonoras também fazem vibrar o nosso corpo. Lembre-se que tudo tem uma freqüência própria. Até o nosso corpo. Se o centro respiratório do bulbo cerebral, que controla a respiração, entrar em ressonância, é possível que provoque a hiperventilação criando a sensação de pânico e angústia. E tem mais! Sob o efeito do infra-som, o labirinto, órgão do ouvido responsável pelo equilíbrio do corpo, começa a vibrar também e deixa o corpo desorientado. O resultado é vertigem, tontura e suor frio._Tudo bem! Mas e o fantasma? Você disse que viu um vulto no canto da sala! _Sem querer ser estraga prazeres, mas também é simples. O globo ocular também sofre com as ondas de som. Uma vibração forte pode pressionar a retina e causar um clarão. A chacoalhada do líquido do olho, combinada com a falta de luz, cria visões de manchas acinzentadas e indefinidas que podem ser interpretadas como "fantasmas"._Quem diria que o nosso pacato professor fosse se transformar num grande "Caça Fantasmas"? Amanhã você vais voltar ao laboratório?_De jeito nenhum! Morro de medo daquele compressor!


M.P.D.
**Essa história é baseada em um fato real.

Um comentário:

  1. Pro seu blog eh muito bom mesmo. e você eh muito legal! Um beijo

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