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12 de ago. de 2013

Finalização do Projeto: Tapete de Histórias

7C- Grupo: Alan, Andrielle, Mayla, Luiz Eduardo e Welton

A MORTE E AVELHA
LIVRO: CONTOS DE MORTE MORRIDA
AUTOR: ERNANI SSÓ
ILUSTRAÇÕES: MARILDA CASTANHA


Há muito tempo, ou amanhã de manhã, quando os bichos falavam, um rapaz ganhou uma barrica de cerveja, depois de trabalhar anos numa cervejaria. Seguiu para casa, com a barrica nas costas. Como ela pesava muito e ele estava alegre, pensou em parar e beber um pouco. Mas não queria isso sozinho.
Então pensou:
__Vou convidar o primeiro que encontrar.
Numa curva da estrada, deu com uma mulher cadavérica, meio amarelada.
__Bom dia, senhora. Quer beber um pouco de cerveja comigo?
__Preferia comer, mas...
__Não tenho nada para comer. Mas quem é a senhora? Gostaria de saber com quem bebo.
__Eu sou a Fome.
__Não quero beber com a senhora. A senhora sempre persegue os pobres. Não é justa.
O rapaz seguiu em frente. O sol estava cada vez mais forte e a barrica, cada vez mais pesada. O rapaz já estav até em beber sozinho quando encontrou um homem muito forte e com jeito de mandão.
__Bom dia, senhor. Quer beber um pouco de cerveja comigo?
__Não costumo beber em serviço, mas aceito. Está muito quente.
__Quem é o senhor? Gostaria de saber com quem bebo.
__Eu sou o destino.
__Sinto muito, mas não çposso beber com o senhor. O senhor não é justo. Complica a vida dos pobres, facilita a vida dos ricos.
Bastante desanimado, o rapaz seguiu em frente.Não aguentava mais o peso da barrica. Não aguentava mais o calor do sol. Resolveu então sentar embaixo de uma árvore, na beira da estrada.
Nisso viu se aproximando uma pessoa muito alta e muito magra, vestida de preto. Gritou para ela:
__Bom dia. Quer beber um pouco de cerveja comigo?
__Aceito.
__Quem é você? Quero saber com quem bebo.
__Eu sou a Morte.
Mas nem precisava dizer. Quando ela chegou perto, o rapaz viu o esqueleto sob as vestes pretas, o capuz que escondia a caveira e a gadanha na mão direita.
__Sente aqui comigo. Com você eu posso beber. Você é justa. Você trata pobres e ricos por igual.
__Eu nunca sento, mas pra beber uma cerveja, vou abrir uma exceção.
Beberam, conversaram. Quando o rapaz se preparou para ir embora, a Morte disse:
__Você foi muito gentil comigo. Em troca, vou tornar você rico.
__Como?
__Você será médico de hoje em diante. Vou tornar esta cerveja mágica.
Um golinho apenas e a pessoa ficará curada.
__Mas a barrica não é muito grande. Logo acabará.
__Quando a barrica estiver pela metade, encha-a de água. garanto que terá o mesmo efeito. E o mesmo sabor.
__Ótimo- o rapaz disse, se levantando.
__Mas tem uma condição __ a Morte avisou. __Quando você for visitar um doente, se eu estiver à cabeceira da cama, não dê cerveja a ele. Porque esse eu tenho de levar. Se não cumprir o trato, você é que será levado.
__Certo__ o rapaz disse e apertou a mão da Morte.
O rapaz se transformou num médico rico e famoso. Não era pra menos. Ele não errava nunca. Mal entrava no quarto de um doente, mal botava o olho nele, sabia se o sujeito escapava ou se a família tinha de comprar oi caixão. Ninguém nem sonhava que o rapaz pudesse enxergar a Morte.
O que mais impressionava eram as curas. As pessoas às vezes estavam mal havia dias, ou semanas. Aí o rapaz dava um golinho do seu remédio e o doente pulava da cama na mesma hora, como se houvesse se deitado apenas pra uma soneca. E ainda dizia, lambendo os bigodes:
__O remédio até tem gosto de cerveja.
A fama do rapaz era tanta que um dia o rei mandou chamá-lo:
__Minha filha está doente, muito doente. Os médicos da corte não sabem mais o que fazer. tentaram todos os tratamentos e nada funcionou. O senhor é minha última esperança.
__verei o que posso fazer, majestade.
__Se o senhor curar a princesa, eu lhe darei metade do reino e o casarei com ela.
O rapaz tremeu ao ouvir falar em casamento. Conhecia a fama da proincesa: além de boa pesoa, era linda e alegre. Por um instante o rapaz ficou sonhando com a afelicidade que viveriam.
O rei o levou ao quarto da princesa.
A rainha e duas damas estavam ao lado da cama. E, à cabeceira, a Morte de pé, a caveira sob o capuz apoiada na gadanha. Cochilava.
O rapaz já tinha visto antes a Morte cochilando. Mas ela sempre acordava a tempo. Não atrasava um segundo. 
O rapaz olhou para a princesa. Pálida, abatida. Ela olhou para ele com uma dor tão grande que ele se sentiu mal.
O rapaz olhou para a Morte. Pela primeira vez achou que ela era injusta. De que adiantava ela o ter feito rico se agora ia perder o amor da princesa?
O rei disse impaciente:
__E então?
O rapaz olhou a Morte de novo. Ela continuava cochilando, meio escondida pelas sombras. Então o rapaz decidiu. Falou baixinho para o rei:
__Mande virar a cama, majestade. A cabeceira para os pés, os pés para a cabeceira. Mas sem barulho nenhum.
Assim foi feito. A Morte não percebeu nada. O rapaz, mais que depressa, deu um golinho de cerveja para a princesa. Na mesma hora a princesa se levantou, sem palidez, sem abatimento  __linda como a Lua.
O rei deu um grito de alegria.
A Morte acordou e viu a cama ao contrário. Não disse nada, apenas olhou para o rapaz e levantou a gadanha.
__Não! __ele falou.
__O que combinamos?
_-Mas acabei de ganhar uma esposa e metade de um reino!
__Agora o seu reino não é deste mundo__ a Morte disse e o tocou com a ponta da gadanha.
O rei, a rainha, a princesa e as damas levaram algum tempo para descobrir que o médico caíra morto. 



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