
...Manuel Bandeira
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........................Castro Alves
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Vamos com o poema de Castro Alves:
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Em "O 'adeus' de Teresa", Castro Alves, o eu-lírico é um homem, é ele quem abandona, de início, a amada. Na primeira estrofe, o eu-poético narra sua impressão a respeito da primeira vez que viu Teresa. Diz ele: "A vez primeira que eu fitei Teresa,/Como as plantas que arrasta a correnteza,/A valsa nos levou nos giros seus .../E amamos juntos ... E depois na sala/ 'Adeus' eu disse-lhe a tremer co'a fala.". Nota-se que, nessa primeira estrofe, o amado passa por vários estágios amorosos. De início, surge o encantamento, o desejo; depois surge a conquista, a concretização do amor e, finalmente, o abandono. Nesse momento, há a inversão de atitudes , pois não cabe mais ao homem o papel de seduzir, conquistar e rejeitar, mas sim à mulher que, após longos períodos de abandono, sente-se no direito de rejeitar o conquistador barato. O texto de Castro Alves é uma exaltação à beleza e ao erotismo da mulher amada, contudo, a última estrofe revela uma possível traição. Há um destaque interessante no título em que o poeta dá-nos uma pista de quem falará: adeus, pois a palavra está entre aspas, assim podemos entender que ela, Teresa, é quem diz o último adeus. O que choca é em relação ao leitor desavisado, pois o poeta surpreende com este desfecho em época romântica, em que tudo no amor ou dava em casamento ou em morte
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Agora vamos com o poema de Manuel Bandeira:
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Logo na primeira leitura já percebemos a intertextualidade entre estes dois poemas. Antilírico, o poeta revela distância da idealização, confirmando, na última estrofe, a presença das transformações seja no plano físico, seja no sentimental. Teresa, para o eu lírico, à primeira vista, parece burra, pois a cara parecia uma perna. Depois, noentanto, o olhar sobre Teresa se aprofunda: é um olhar que investiga o olhar. O eu lírico olha no fundo dos olhos de Teresa, e enxerga Teresa além da perna. Teresa tem olhos velhos, e enxergar a alma velha dentro dos olhos não só expressa um interesse como perceber olhos velhos indica uma relação já mais terna. Teresa tem um corpo jovem, mas seu olhar demonstra sofrimento e/ou sabedoria. A aparencia de Teresa é deixada de lado. O terceiro encontro é recheado por magia (os céus se misturam com a terra) e milagre (Deus caminha sobre a água), por uma descoberta de sensações profundas, misteriosas e grandiosas. É o momento em que o eu lírico não enxerga mais nada, ficando maravilhado ao ver Teresa.. Neste verso, por sinal, Bandeira parafraseia, implicitamente, o dito popular "O amor é cego". Impossibilitado de ver, cego àquilo que enxergava até então (os defeitos de Teresa), o eu lírico está realmente apaixonado.A diferença nos dois textos é que Castro Alves era romantico e havia uma idealização amorosa...Já no poema de Manuel Bandeira, o que vemos é a realidade: apesar de achar Teresa feia, com a convivencia ele acabou se apaixonando por ela.
Fonte(s):
Anna Karina
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Anna Karina
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